O Moniz –
Carlos Varela, com colaboração de Danc’En?gma e Laboratório de
Guitarra (E.S. Jaime Moniz)
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«Memória: um filme mudo», a partir de textos de Valério Romão,
Mia Couto, Fernando Pessoa, Samuel Beckett e Franz Kafka.
“Viajamos
para passear e observar. Ter novas experiências. Mergulhar na cultura local.”
Descolocamo-nos de cidade para cidade, de página para página, de língua para
língua, nesse trânsito indomável onde encontramos o passado, o presente e novas
partes de nós que não conhecíamos. E somos outros. Os locais onde existimos
compõem o ser que somos. Esse peso da mochila nas costas é mais leve do que um
sonho não realizado. “Viajar? Para viajar basta existir.” Vamos “de dia para
dia, como de estação para estação, no comboio do nosso corpo, ou do destino,
debruçados sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre
iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.”
É
através da memória, “o nosso filme mudo interior”, que viajamos e existimos:
mapeamos as nossas experiências através de imagens, aromas, sensações. A lente
com que focamos a vida dos outros; as tentativas de, no trapézio, equilibrarmos
o tempo e o ser; os “dias felizes” onde nos descaracterizámos ou nos
encontrámos… são as viagens que escolhemos fazer, a moldura de uma vida.
A
vida é, efetivamente, o que fazemos dela. “As viagens são os viajantes. O que
vemos não é o que vemos, senão o que somos.”
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